O Princípio da Razoabilidade

O Princípio da Razoabilidade<

Por: Danton Velloso
Fundador na DVCA e DOOR International Brasil
 
Certa vez uma senhora muito exuberante, parecendo pertencer a sociedade espanhola, em visita ao Museu do Prado em Madri, deparou-se com um artista que fazia esboços das obras dos grandes mestres, captando-lhes o estilo na tentativa de imitá-los. 
 
Aquilo lhe chamou a atenção.
 
Aproximando-se do artista, notou o seu temperamento intempestivo, quando ele percebia que o desenho feito não correspondia aos traços que desejara. Mas, a sua insistência em fazê-lo corretamente, era compensada ao final por um leve sorriso de quem conseguira fazer o correto. 
 
A senhora percebeu que cada traço revelava, por um lado, um avanço para aquele artistapois ajudava-o desenvolver sua capacidade efêmera, mas por outro, ela considerava uma estagnação criativa limitando-se à cópia do trabalho dos históricos. 
 
Mas, de qualquer forma, não deixava de considerar interessante, a habilidade e agilidade com que aquele artista se utilizava de sua prancheta e lápis para produzir uma cópia num estilo próximo ao cubista de obras geniais.
 
Num momento de pausa ela o interrompe e diz que gostaria de ter um daqueles esboços contidos na prancheta e se ele poderia vendê-lo. 
 
Olhando para a senhora, disse que sim e pediu para que ela escolhesse o esboço de sua preferência. Feito a escolha, a senhora perguntou qual seria o preço. A resposta veio em seguida: “Hum milhão de dólares”, disse o artista. A mulher chocada tentando disfarçar um riso irônico causado pelo absurdo considerado do valor mencionado, em seguida exclamou: “Você está louco? Hum milhão de dólares por um pedaço de papel cujo desenho em preto e branco não levou sequer um minuto para ser feito”? 
 
Respondeu o artista para a exuberante senhora: “A senhora está, em parte correta! De fato o desenho está em preto e branco numa folha de papel, mas não foi sequer em menos de um minuto que eu o produzi, mas sim, ele levou toda uma vida para ser feito”. O artista era Pablo Picasso!
 
Você deve estar se perguntando:- O que tem a ver essa história com o Princípio da Razoabilidade? Eu diria, TUDO!
 
Vou simplificar! Fico admirado com tantas senhoras e senhores, semelhantes ao caso acima, que me deparo a cada dia. Longe da comparação com Pablo Picasso, é claro!
 
São senhoras e senhores que, de alguma forma, chegam até a mim através do site de minha empresa, por indicação de outras que, possivelmente, já estiveram comigo em congressos, palestras, eventos corporativos ou me conheceram de outras paradas quando buscaram minha ajuda para o encontro de soluções aos problemas que, por iniciativa própria, não conseguiram resolvê-los. 
 
Assim como Pablo Picasso, as soluções que levo ao mercado são frutos de anos de experimentação e ousadia que combinadas, me estimulam de forma solitária e empreendedora à crença necessária que, a solução a ser apresentada, promoverá o resultado esperado.
 
Mas como acreditar que a solução é a correta, pensam as senhoras e os senhores? 
 
A resposta é simples! Porque todas aquelas que experimentaram, anteriormente, por iniciativa própria - delas ou deles - não deram certo. Reconhecendo-as antecipadamente, as utilizo como parte do aprendizado constituindo-se na base para a formulação de uma solução diferenciada evitando os vieses daquelas que impediram que dessem certo no passado.
 
Da mesma forma que preciso de uma boa dose de experimentação e ousadia para empreender a solução, tanto as senhoras quanto os senhores precisarão ter para empreender a aceitação e, consequentemente, a decisão favorável.
 
Mas aí existe um outro ponto, que considero ser o mais crítico. Falo do investimento que tal solução necessita para sair do verbo e ir para a prática. 
 
Da mesma forma que tenho cuidado ao estabelecer os critérios para elaborar uma proposta adequada e que obedeça aos traços da cultura objeto de transformação, chego aos respectivos “economics”.
 
Depois de terem ouvido a solução que leva toda a experiência de uma vida para ser gerada, as senhoras e os senhores perguntam: “Quanto custa”? 
 
Aí, informo: “É X”! Então vem a míope contrapartida: “Pago X-3”!
 
Nesse momento penso e me questiono: “Como esquecer a história que comecei contando? “Onde está o Princípio da Razoabilidade?”
 
O mais interessante nesses casos é que as senhoras e os senhores com tal atitude não percebem que estão se expondo ao ridículo fazendo tal colocação. Passa desapercebida por elas e por eles a imagem que acabam deixando pelo caminho e que resulta na noção que o problema não está nas soluções que buscam mas sim, em si mesmos. 
 
Demostram que não estão preparados para obter o elixir que buscam. 
 
Acham-se no direito de barganhar aquilo que é justo em função do poder que, erroneamente acreditam ter, sobre aqueles por quem procuram e que, por atenção e respeito às suas necessidades, se predispõe a ajudá-los. 
 
As pessoas desse tipo, por vezes fecham questão não evoluindo para uma negociação onde a discussão de contrapartidas justas possam ajudar a estabelecer uma relação Ganha x Ganha minimizando o impacto inicialmente causado pela sensação do investimento apresentado.
 
Quando se perde a sensibilidade do Princípio da Razoabilidade, se perde a noção do coletivo em prol do individualismo. 
 
Perde-se a condição de cidadão que vive em sociedade por acreditar que todo homem é uma ilha.
 
Vivemos com muitas dessas senhoras e senhores por aí vocês não acham?
 
Puxa! Como estes nos dificultam levar o leitinho das crianças pra casa no final do mês!

 

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