Uma só pulseira não faz barulho!

Uma só pulseira não faz barulho!<

Por: Danton Velloso
Fundador na DVCA e DOOR International Brasil
 
Não é fácil empreender mas é prazeiroso pra chuchu. A gente aprende muito!
 
Vários são os obstáculos a serem transpostos e as emoções são as mais incríveis - desde aquelas permeadas pela frustração até aquelas resultantes da superação e conquista.
 
Não é pra qualquer um! Há de se ter estômago para lidar com os obstáculos que virão, principalmente daquelas pessoas que, pela característica do preciosismo e perfeccionismo, se acham com o dom do saber mais do que o empreendedor a respeito da ideia a ser empreendida. 
 
A questão que fica é a seguinte: Se sabem mais, por que não empreenderam antes?
 
Mas deixa isso pra lá! 
 
Tudo parte de uma visão e visão é algo que não se delega - se compartilha!
 
Sua ideia tem que ter sido originada por um ato de Pensar Grande. Sim, “Pensar Grande”!
 
Neste sentido, ela deve lhe proporcionar um prazer quase que “orgasmático” para ter vida. Se for assim, você já terá encontrado a sua primeira pulseira.
 
Após curtir esse orgasmo, alguns sinais estarão à porta: 
 
1º Sinal - Você terá a sensação de que a ideia não é sua; 
 
2º Sinal - Você achará que, pela simplicidade do insight primário, a ideia é tão óbvia e nada original e, aí você se perguntará: “Será que alguém já não pensou nisso”?; 
 
3º Sinal - Prepare-se! Quando você for apresenta-la, você encontrará mais motivos para desistir do que para prosseguir. Os profetas farão de tudo pra você achar que ela não dará certo e que você está errado.
 
Para ser compartilhada, você deve estar disposto para enfrentar o que der e vier. Se vier e der, melhor ainda já dizia o meu saudoso pai.
 
Mas nem sempre isso acontece. As pessoas têm, naturalmente, o hábito de colocar obstáculos ou demonstrar dúvidas sobre tudo aquilo que rompe a conformidade. 
 
Para fazer com que o novo saia da abstração e vá para o campo da realidade, é preciso além de coragem, ter alguns atributos, senão competências por assim dizer, para “dar a cara para bater”, pois você terá de correr riscos.
 
Quando falo sobre alguns atributos, refiro-me a resiliência; flexibilidade; multidisciplinaridade e agilidade. Não faço aqui apologia a um mundo VUCA, mas sim a um conjunto de qualidades que fazem do empreendedor um ser especial. Não vou me alongar falando delas.
 
O fato é que o empreendedor realiza e quem não é empreendedor consome! Hoje no Brasil, essa relação é de 4 para 1. São 49,3 milhões de empreendedores segundo a Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Mas muitos ficam pelo caminho por não conseguirem lidar com o 3º sinal e aí, roubam-lhes a pulseira obtida.
 
O empreendedor passa por diferentes fases até chegar a concretização da idéia. 
 
A pior delas é aquela em que precisa testar os seus fundamentos, "blefando" junto a diferentes "players" de relevância para ver o como eles reagem diante de sua idéia. O maior de todos os blefes nos negócios foi Bill Gates e Steve Balmer com o pessoal da IBM - A“big blue”. Vale a pena conhecer.
 
“Nos anos 80 a IBM estava envolvida com a criação de um computador, que acabaria por padronizar o que ficou conhecido como PC. Porém além da linguagem de programação era necessário um sistema operacional. E o projeto da IBM não envolvia uma criação caseira, e sim um esquema de licenciamento. 
 
No dia 21 de julho de 1980, Jack Sams, da IBM, ligou para Bill Gates e marcou um encontro, nessa reunião o falastrão Steve Ballmer, que foi alçado a gerente de negócios da Microsoft, e que anos depois viria a se tornar CEO, também estava presente.
 
O tema da reunião que ocorreu em Seattle, era discutir o licenciamento do Microsoft Basic, porém a conversa acabou indo para o campo dos sistemas operacionais, item que a IBM também precisava.
 
Nessa época a Microsoft não tinha um sistema para oferecer a IBM, Gates resolveu indicar um projeto de um amigo seu de infância, Gary Killdall, que recebeu um telefonema de Bill dizendo que estava mandando um pessoal da IBM até ele.”
 
Sabe aqueles momentos que grandes oportunidades passam na nossa frente, mas não damos a mínima importância? Isso aconteceu com Killdall, em vez de receber os engravatados da IBM, ele resolveu ir pilotar seu avião particular, e deixou sua mulher responsável pela tarefa. A conclusão foi que a negociação morreu ali mesmo.
 
É neste ponto que a Microsoft começa a dar os passos para encontrar o pote de ouro do outro lado do arco íris. 
 
Continuando a história: “Gates teve o insight que ao invés de indicar que um amigo ou conhecido conseguisse o acordo, a própria Microsoft teria que cuidar dessa questão, já que seria o responsável por equipar o computador de uma empresa gigante e tradicional como a IBM.
 
A compra do QDOS que viria a se chamar MS-DOS nas mãos da Microsoft após uma série de ajustes, partiu do cofundador Paul Allen, que conhecia Tim Paterson, responsável pela criação desse sistema. 
 
Paterson trabalhava numa empresa que estava mal das pernas, a Seattle Computers Products. Inicialmente a negociação envolvia apenas uma licença que não dava exclusividade para a Microsoft.
 
O segundo encontro de Allen com Paterson aconteceu quando estava praticamente certo que a IBM iria realmente fechar o negócio. Foi aí que a Microsoft fez a jogada perfeita, e comprou de forma definitiva o sistema de Paterson por US$ 50.000. 
 
O acordo foi fechado pela IBM por US$ 186 mil, mas isso era apenas um detalhe. 
 
O motivo desse ter sido o acordo mais importante para a história da Microsoft e por tabela de todos nós, é que o contrato não concedia exclusividade para a IBM.
 
A licença do MS-DOS utilizado pela IBM, que seria usado com o nome de PC-DOS, não era exclusiva, permitia que a Microsoft licenciasse o sistema para outros fabricantes. 
 
O segundo ponto crucial do acordo era que Bill Gates e sua turma também manteriam o controle sobre o código-fonte.
 
Graças a esse acordo e a leva do que ficou conhecido como IBM PCs compatíveis, fabricantes replicando a BIOS criada pela IBM, e lançando seus próprios computadores, como a Compaq, o caminho da Microsoft foi trilhado no licenciamento e criou uma indústria onde o software era o ponto principal.”
 
Esse momento, mudou o mundo.
 
Voltando a nossa realidade, se os olhos daqueles que estiverem lhe ouvindo brilharem, a regra é, corra e siga em frente mas, se contrário, não desista, talvez você não soube blefar bem.
 
 O blefe faz parte do jogo! 
 
“Blefe” aqui deve ser entendido como algo não fantasioso mas factível. Não poderá soar fantasioso para quem ouve e muito menos para você empreendedor que deve possuir a visão completa da idéia. 
 
Por ser nova, é natural que, aqueles com quem a ideia é compartilhada, achem algo utópico, mas é aí que as oportunidades se apresentam. 
 
Nesse ponto, as coisas funcionam assim mesmo. Separe aqueles que pensam pequeno daqueles que pensam grande. Evite os que pensam pequeno. 
 
É dos que pensam grande que você receberá apoio para seguir em frente. Nesse momento, você terá descoberto que sua ideia promove inspiração e a motivação dessas pessoas pela convicção com que a apresenta e pela novidade que traz consigo. 
 
Isso é um indicador de que eles conseguem enxergar a legitimidade nela existente demonstrando a propriedade necessária para colaborar com você. Essa será a sua segunda pulseira.
 
Daqui pra frente, a coisa toma outra direção - deixa-se de lado o blá, blá, blá do convencimento e parte-se para a execução. 
 
Para um boa execução a ideia original deverá estar dimensionada de forma abrangente e detalhada. A isso denomina-se “Businees Plan”.
 
Você poderá viabilizá-lo com recursos próprios ou através de investidores que sempre estarão prontos para ouvir e avaliar uma boa “start up”. Se vale aqui um conselho, contenha-se e busque se acercar, cada vez mais de pessoas inspiradoras que pensem grande como você. Falo isso pois, quando um investidor entra na jogada, seu campo de autonomia se estreita e, quem tem sócio, tem patrão!
 
Não digo isso por aversão a investidores, pelo contrário. Tem que se estar disposto a partilhar o que antes você compartilhava. Dá pra entender?
 
Com um tempo dedicado de trabalho de 32h/ diária, inteligência e determinação você chegará lá com 3 anos de árduo exercício. Em três anos o seu novo negócio deve estar em vias de se tornar maduro.
 
Quer a terceira pulseira? Esteja preparado para estabelecer alianças estratégicas. Você precisará delas. O marketing é uma dessas alianças. Caso não o possua corra atrás dessa competência.
 
O segredo do sucesso de uma ideia passa por ela ser reconhecida como a dona do pedaço de mercado que ela se predispôs a dominar. Você tem que ser o primeiro, o pioneiro e não o colono do espaço de mercado pretendido. Mas cuidado com as migalhas que poderão ficar pelo caminho - aquelas idéias ou iniciativas que não foram muito felizes em sua execução, as quais faziam parte do processo de experimentação e/ou fruto de situações inesperadas que fugiram do seu controle pelas emoções que se sente resultantes de um potencial fracasso ou rejeição.
 
Existem muitos ratos no mercado que se aproveitam dessas migalhas e que, por um frágil e apelativo argumento do novo, tentam se fazer passar pelo original. Se isso acontecer, respire fundo pois você terá negligenciado algo. 
 
Não adianta chorar lágrimas de crocodilo. A coisa já aconteceu. 
 
Se isso você experimentou ou vem experimentando significa que você perdeu ou está prestes a perder uma de suas pulseiras conquistadas.
 
De qualquer forma, empreender não é pra qualquer um e mesmo que assim o fosse, o um não é o suficiente para se fazer barulho.
 
Quanto mais pulseiras conseguir maior sucesso será obtido. Bastará somente um ponto a ser superado: a pre-disposição por partilhar. 
 
Se isto não for problema pra você aqui vai uma pergunta: - Você tem braço não tem? Portanto, encha-o de pulseiras porque se a opção for por ficar sozinho, saiba que a ideia não se sustentará.

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